Poemas da missão de governar

31/03/2019

Atendimento no Same do hospital

          Same, não Some!

Não quero hospital onde a telefonia/
de marcar consulta demore a atender;/
a pessoa ligue até se ensurdecer/
com o toque, chamando, e não ouça um bom-dia;

perca a marcação e a mesma se adia/
por tempo distante e indeterminado./
Pareça que o Same é despreocupado/
e tanto lhe faz atender como não.

A alguém que registre uma reclamação,/
o órgão reaja com dolo e frieza:/
um agente responda com indelicadeza,/
dizendo que cumpre o horário e o papel;

mas deixe a parede, mostrando um painel/
com letras malfeitas e mal preenchido;/
trabalhando assim, ele vá promovido,/
receba o salário em dia e integral.

Quem sofre com o método desse hospital/
é aquele doente que não se consulte;/
"e ainda está bem quando não lhe resulte/
cobrança  tachado de impontual".

Notas:
1) Serviço de Arquivo Médico e Estatístico (SAME ou Same).
2) verbo usado no presente do subjuntivo sempre que foi possível, para não se referir a nenhuma repartição injustamente nem de forma leviana.
3) o poema acima contém 5 quartetos com versos hendecassílabos (11 sílabas métricas) e rimas intercaladas (abba-accd-deef-fggh-hiih); o mesmo segue abaixo, em outra forma, para atender a outro gosto do leitor.

Não quero hospital onde a telefonia/
de marcar consulta demore a atender;/
a pessoa ligue até se ensurdecer/
com o toque, chamando, e não ouça um bom-dia;/
perca a marcação e a mesma se adia/
por tempo distante e indeterminado.

Pareça que o Same é despreocupado/
e tanto lhe faz atender como não.

A alguém que registre uma reclamação,/
o órgão reaja com dolo e frieza:/
um agente responda com indelicadeza,/
dizendo que cumpre o horário e o papel;/
mas deixe a parede, mostrando um painel/
com letras malfeitas e mal preenchido;/
trabalhando assim, ele vá promovido,/
receba o salário em dia e integral.

Quem sofre com o método desse hospital/
é aquele doente que não se consulte;/
"e ainda está bem quando não lhe resulte/
cobrança  tachado de impontual".

Ser contra o desperdício

Vejo perder-se o que era
para trazer ou juntar
e, em caixa ou cofre, guardar —
do verão à primavera.

Mas meu pai já me dissera:
“Filho, siga esta baliza:
‘guarde o [de] que não precisa
para quando precisar’”.

Estendo ao campo e ao lar
essa máxima decorada,
a fim de não ficar nada
perdido e que se aproveita:

“recolhe o resto... e confeita
o recurso natural
e produto artificial ,
sobras de compra ou colheita”.

O texto acima é um poema com 4 quartetos de versos em redondilhas maiores (7 sílabas métricas) e rimas intercaladas (abba accd deef fggf).

Não desperdiçar: guardar > Clicar aqui.

Uso impróprio do celular

      Aparelho invasor

O celular é um aparelho invasor/
que “entra, rasgando” no meio da gente,/
quando um despachante ou um médico e atendente/
estão a serviço do interlocutor.

Incomoda até no "silenciador" 
enquanto a pessoa trabalha ou conversa. 
Desvia a atenção ou distrai e dispersa.../
transtorno e acidente, poderá causar...

Em algum ofício, é proibido usar,/
mas noutros, "aumenta a fofoca que espalha"./
Por isso, dá raiva, perturba e atrapalha/
o uso indevido de um celular.

O texto acima é um poemeto com 3 quartetos de versos hendecassílabos (11 sílabas métricas) e rimas alternadas (abba-accd-deed).

15/03/2019

Achado e perdido

Diz-me por que não devolves
o cartão que não é teu
à pessoa que o perdeu
no local por onde volves.

Tu sabes como resolves
este reto proceder
de encontrar e devolver
um bem que não te pertence.

Teu gesto não me convence
por ser malicioso e feio.
Quem é amigo do alheio
é também de quem assalta.

Mas não és um cão peralta,
não mordes "nem furtarás"*.
E o que não devolverás,
ao dono, faz muita falta.

* alusão ao 7º mandamento da Lei de Deus: Não roubar.
O texto acima é um poema com 4 quartetos em redondilhas maiores (versos de 7 sílabas métricas) e rimas intercaladas (abba-accd-deef-fggf).

14/03/2019

Missão poética alusiva ao Dia da Poesia

Motivação do Dia Nacional da Poesia, 14 de Março:
missões poéticas unificadas ou unificação das missões poéticas e "o meu lugar junto aos poetas"

     1 A caminho do Bem
Castro¹ é O Poeta da Escravidão,/
Casimiro² é O Poeta da Saudade;/
já fiz muito verso, falando em bondade./
Pergunto onde está O Poeta da Ilusão³,/

que o poeta vive em uma dimensão/
capaz de cobrir toda a face da Terra;/
"é um bom cordeiro, pulando, e não berra;/
é ovelha mansa que não dá marrada";/

se fosse por ele, a Vida era estrada/
por onde passavam todos os comboios;/
nasceriam trigos, morreriam joios,/
e a casa do Bem era mais visitada.

¹ Castro Alves, O Poeta dos Escravos e O Poeta Social;
o Dia Nacional da Poesia foi criado em homenagem à data do seu nascimento: 14-03-1847.
² Casimiro de Abreu.
³ Cognome imaginário.

     2 Em nome da Felicidade
É Florbela Espanca A Poetisa do Amor,/
Vinícius¹ é O Poeta da Paixão,/
eu já fiz poema de separação./
Pergunto quem é A Poetisa da Dor²./

Eu, como poeta, sou um libertador/
de quem vive preso a qualquer sofrimento;/
se fosse por mim, não havia "detento/
nas grades do amor, da paixão e da saudade";/

cortava a raiz de toda enfermidade/
e o Mundo seria hospício e paraíso/
onde o louco e a doida criavam juízo,/
e a razão de tudo era a Felicidade.

¹ Vinícius de Moraes.
² Cognome imaginário.

      3 Na busca da Certeza
O Poeta da Dúvida já é Azevedo¹,/
Manoel de Barros é O da Natureza,/
eu queria ser O Poeta da Certeza./
Procuro encontrar O Poeta Sem Medo²,/

que um poeta, às vezes, revela segredo/
na hora de expor o seu ponto de vista;/
ao ser vigiado, não foge da pista;/
não tem proteção e vive "a céu aberto";/

"o oásis anima a vida no deserto",/
enquanto ele tira a tristeza da gente/
que anda chorando isoladamente,/
querendo um lugar protegido e mais certo.

¹ Álvares de Azevedo.
² Cognome imaginário.

Ver também Dia da Poesia, 14 de Março, Clicando Aqui.

Os textos acima são poemetos, cada um com 3 quartetos em versos hendecacassílabos (11 sílabas métricas) e rimas intercaladas abba-accd-deed. Para atender a outro gosto do leitor, podem ser feitos em estrofes bárbaras com 12 versos como seguem abaixo: 

      1 A caminho do Bem
Castro é O Poeta da Escravidão,
Casimiro é O Poeta da Saudade;
já fiz muito verso, falando em bondade.
Pergunto onde está O Poeta da Ilusão,
que o poeta vive em uma dimensão
capaz de cobrir toda a face da Terra;
"é um bom cordeiro, pulando, e não berra;
é ovelha mansa que não dá marrada";
se fosse por ele, a Vida era estrada
por onde passavam todos os comboios;
nasceriam trigos, morreriam joios,
e a casa do Bem era mais visitada.

      2 Em nome da Felicidade
É Florbela Espanca A Poetisa do Amor,/
Vinícius é O Poeta da Paixão,/
eu já fiz poema de separação./
Pergunto quem é A Poetisa da Dor./
Eu, como poeta, sou um libertador/
de quem vive preso a qualquer sofrimento;/
se fosse por mim, não havia "detento/
nas grades do amor, da paixão e da saudade";/
cortava a raiz de toda enfermidade/
e o Mundo seria hospício e paraíso/
onde o louco e a doida criavam juízo,/
e a razão de tudo era a Felicidade.

      3 Na busca da Certeza
O Poeta da Dúvida já é Azevedo,
Manoel de Barros é O da Natureza,
eu queria ser O Poeta da Certeza.
Procuro encontrar O Poeta Sem Medo,
que um poeta, às vezes, revela segredo
na hora de expor o seu ponto de vista;
ao ser vigiado, não foge da pista;
não tem proteção e vive "a céu aberto";
"o oásis anima a vida no deserto",
enquanto ele tira a tristeza da gente
que anda chorando isoladamente,
querendo um lugar protegido e mais certo.

13/03/2019

Retalhos e juízo da paixão

Não vá sofrer no andor
com os retalhos que juntar
da senhora ou do senhor
que não o quis mais amar.

Se você não procurar
alguém que substitua,
sua vida continua  
mesmo vazia no espaço.

"A paixão faz estilhaço
na estátua da liberdade.”
Quem lhe deu felicidade
também resolveu tirá-la.

Então lhe entregue a sua mala
de bagagem e retirada.
Deixe seguir a jornada
quem não quer mais seu carinho.

Se você é um passarinho
que voa, mas não tem asas,
evite pisar nas brasas
deixadas no seu caminho.

O texto acima é um poema com 5 quartetos, versos em "redondilhas maiores" (7 sílabas métricas), rimas alternadas e intercaladas (abab-bccd-deef-fggh-hiih) — próprio para ser musicado (ou inserido em melodia compatível e já existente à semelhança de uma paródia musical).

08/03/2019

Homenagem ao Dia da Mulher 2019

O Dia Internacional da Mulher/
tem mais relevância que o mundo imagina:/
reúne os encantos e todo o mister/
que Deus consagrou na imagem feminina./

Sua estátua esculpida por trás da vitrina/
já chama a atenção pelo que representa./
"Seu vulto dá brilho", anima e alenta;/
seu corpo transmite a solidez do amor;/

sua alma dá vida a quem é morredor./
Tem uma vertente da onipresença:/
se for mãe, supera a maior recompensa;/
se é filha, redobra o carinho dos pais;/

se é irmã, ultrapassa os dons fraternais;/
se é misse, concentra beleza e talento;/
se é freira, remove a fé do convento;/
se é santa, perdoa o pecado mortal./

Seu trono na terra, é celestial;/
no céu, vai com Deus pela eternidade./
Seu Dia é uma graça da Humanidade/
além de ter fama internacional.

O texto acima é um poema com 5 quartetos em versos "hendecassílabos" (11 sílabas métricas), rimas alternadas e intercaladas (abab-bccd-deef-fggh-hiih) — com ritmo e harmonia próprios, para ser musicado (ou inserido em melodia compatível e já existente à semelhança de uma paródia musical).

07/03/2019

Arapucas em contrato

Um contrato pode ter
muitos laços de amarrar —
usados por quem vender
em quem deseja comprar.

Uma cláusula pode estar
obrigando esse à barganha
em que perde o quanto ganha
da sua renda e salário.

O comprador, signatário,
cai em outras armadilhas:
perde a razão e as trilhas
naquelas letras miúdas

com cifras muito graúdas,
fidelidade pragmática,
renovação automática
e a traição de “um judas”.

O texto acima é um poema com 4 quartetos em redondilhas maiores (versos de 7 sílabas métricas) e rimas alternadas e intercaladas (abab-bccd-deef-fggf).

Autoconhecimento: poemas, poemetos e estrofes autobiográficos

  Eu me conheço  

(epígrafe) "Conhece a ti mesmo". Sócrates.

1 Poemas da escrita

1.1 Esquecimento e recomposição

"Talvez tenha sido para eu sofrer menos/
que já esqueci muita passagem da vida";/
enfadonho fardo e amargos venenos/
e o “não” que levei de mulher pretendida./

Tentei relembrar, mas foi ação perdida.../
Então como era que eu escreveria/
um memorial ou autobiografia?/
Escrevo poema, paródia e crônica/

de história pequena, passagem lacônica/
do mundo real e do fantasioso/
que evocam e reportam um passado ditoso/
e um presente cheio de realização;/

dos filhos criados ou em formação,/
a terem um futuro de prosperidade,/
ilustrando a minha adaptabilidade/
em múltiplas formas de composição.

1.2 Missão de escritor: influenciar para o bem

Qual é a importância de um escritor?/
Não é bem ser formador de opinião.../
Mas chega a ser um influenciador/
de alguém fazer plano ou tomar decisão./

Por isso, eu reflito com preocupação —,/
fazendo meu texto e mais, ao publicá-lo,/
ainda que alguém queira vir condená-lo/
com inveja, despeito, ciúme ou desdém./

Só escrevo se for para fazer o bem/
ou me defender de ataque ou ofensa./
Não mexo com os outros nem com a sua crença,/
respeito na essência qualquer cidadão./

Cumprindo essa nobre e honrosa missão,/
só faço o que posso ou que deve ser feito /
conforme o sagrado e humano direito/
por lei, por decreto e por constituição.

1.3 Sonho de estar perto dos poetas

Não sou um poeta nem chego aos seus pés,/
no entanto procuro seguir o seu rastro./
Na imaginação, já voei de través/
com aqueles de quem eu empunho algum mastro./

Paródia e paráfrase são o meu lastro/
por onde eu caminho, imitando os famosos:/
singelos poemas, porém caprichosos/
de forma que, se eles também os lessem,/

talvez se orgulhassem... e reconhecessem/
a sua presença em alguma passagem 
onde eu retratasse com fé e coragem/
valores e ideias do seu cabedal./

Sonhei que eu também ia ser imortal/
ao lado de quem decantou sonho e glória/
de si e dos outros, guardando a memória/
no mundo, em vitória, do Bem contra o Mal.

1.4 Dialética existencial de felicidade

Não sei quantos anos terei pela frente,/
mas sei que sou feliz depois dos sessenta:/
seis décadas de vida que me afugenta,/
sorrindo e severo, dialeticamente./

Não tenho poupança, só conta-corrente,/
mas dou à família destino seguro./
Se tenho por dentro o meu "coração duro",/
"os olhos são moles", chorando por fora./

Às vezes, eu cuido em fazer já, agora,/
trabalho que pode ser feito amanhã./
Ao dia que morre, dou sempre um afã/
de noite feliz e de continuidade./

"Um par de sapatos da tranquilidade",/
eu calço e retiro na luta diária./
É essa uma rotina sexagenária/
do contraditório com felicidade.

Estrofes
Sonho de ser poeta em evidência
Quero ser um poeta que se expõe
na vitrine, no livro, na Internete.
Talvez mexa com alguém ou o afete
no assunto em que ele se sobrepõe.
Entretanto meu verso não se impõe
sobre a fama de outro bacharel.
Cada mestre tem diploma e anel,
a cadeira e o papel em que labuta.
Não se trata de rixa nem disputa:
é bom gosto que tem um menestrel.

04/03/2019

Reviramundo

Voltei ao ninho paterno
de cujo berço, saí,
revirando o mundo externo
por onde andei e corri.

No dia em que eu parti,
já fui levando saudade.
Luz, amor, fraternidade
são bênçãos desse aninhado.

Depois que eu cheguei cansado,
repousei no canto antigo.
Virei e mexi só comigo

"a bagagem familiar"
que me faz ir... e voltar
ao abençoado abrigo*.

* ou "ao meu virginal abrigo", como diria o poeta. Poemeto com 14 versos autobiográfico.
Musa inspiradora, parodiando Luiz Guimarães em Visita à casa paterna; ver jornal de poesia, Clicando Aqui.