Poemas da missão de governar

15/10/2018

Dia do Professor – 15 de Outubro

Poema em quartetos

      Recorte histórico

Dom Pedro I, como Imperador,
criou um Decreto que instituiu
o Ensino Elementar no Brasil,
cuja data é Dia do Professor:

foi considerado um trabalhador,
embora ainda fosse em condição precária.
As primeiras letras, em escola primária,
a ele cabia, na época, ensinar.

Daí, por diante, passou a formar
alunos  em rumo de nova conquista.
Foi Salomão Becker, professor paulista,
que adotou a data, fazendo a triagem;

conseguiu, portanto, mais uma vantagem
em mil, novecentos e sessenta e três — 
quando João Goulart assinou, dessa vez,
a consagração dessa digna homenagem.

      Merecimento e parabéns

Professor, tu tens a função principal
da escola, colégio, liceu, faculdade;
ensinas, à custa da dificuldade,
a partir da creche e do maternal.

És a encarnação do Intelectual
com o espírito e a alma da Educação.
Mereces aplauso e comemoração
ao som de fanfarras, dobrados e cantos.

Teu mérito, valores e louros são tantos
que não chegam só dos alunos que tens.
Recebe, portanto, os meus parabéns,
as palmas do público, de mães e de pais.

Tuas homenagens são nacionais;
e agradecimentos, domiciliares — 
por teres cumprido em diversos lugares 
as nobres missões educacionais.

      Exercício meu no magistério

Eu sei o que são as escolas civis — 
onde lecionei com esforço e empenho;
na lembrança viva, até hoje, tenho
a sala lotada e o quadro de giz.

Foi muito sofrido, mas eu fui feliz —,
erguendo a batuta do simples regente.
Também ensinava anteriormente,
em cursos preparatórios militares.

Fazendo em colégio a extensão dos lares,
ensinei Mercados e Economia,
Sociologia e Filosofia.
Fui “mola de aluno” subir no estudo.

Cumprindo o exercício, eu fui a miúdo,
bastante ajudado pelas diretoras — 
a quem agradeço, como apoiadoras
de material, livro e conteúdo.

12/10/2018

Hoje é o meu aniversário 2018

Poema com 17 estrofes
I Estrofes bárbaras com 12 versos

      1) Nascido à luz do Sol
Quando o relógio marcou
zero hora desta noite,
o Sol me falou: “Acoite
seu legado que ficou.
O milagre que o gerou
tem louvor do Universo.
Comemore a data em verso,
com brilho, graça e beleza.
Tome a bênção à Natureza,
que lhe deu o 'sopro da vida'¹.
Você é alma nascida — 
à luz da Quinta Grandeza"² ³.

¹ ver ilustração no Google, clicando aqui.
² não é ponto pacífico, mas diz-se que o Sol é uma estrela de Quinta Grandeza (Clicar Aqui).
³ Eu nasci no dia 12 de outubro, ao meio-dia. Curiosamente, sob controvérsia, diz-se que Jesus nasceu em outubro (Clicar Aqui).

     2) Partículas do meu ser
Não sei bem como fazer
para me homenagear.
Vou autobiografar
partículas do meu viver
e do meu jeito de ser
com muita simplicidade.
Vivo com tanta humildade
que alguém acha humilhação;
é da minha criação:
sou um cordeiro calado;
ao rebanho, dedicado
com amor e mansidão.

      3) Doze de Outubro
Hoje é o meu aniversário.
Eu nem estava lembrado,
mas fui por mim alertado
quando olhei o calendário.
Não vou mudar vestuário
nem a rotina maçante.
Sou um aniversariante
mais simples que os demais:
sem retoques visuais
nem a questão do presente;
sou vaidoso simplesmente
com as "pedras filosofais".


      4) Umas duas vaidades
Filósofo, sei que não sou;
muito menos, alquimista.
Mas quero ser um aforista¹
de agora e do que passou:
observo o que restou
por meio da entrelinha.
E outra vaidade minha,
Salomão, talvez, soubesse:
era que eu também fizesse
os Cânticos que ele fazia².
E hoje aniversaria
"quem assim se envaidece". 


      5) Uns três devaneios
Ah! se eu tivesse nascido
"um homem que sempre guarda"!
"uma eminência parda”!
"um herói desconhecido"!
pois teria concebido
estas três vias de fato:
seria um provedor nato,
moderador de poder;
guerra que eu fosse vencer
não tinha publicidade;
somente na intimidade,
alguém podia saber.

      6) Límpidas águas
Não senti mais a fraqueza
que, no domingo, implodia:
enquanto a tarde caía,
eu tombava de tristeza.
Bebi água em correnteza
mais pura que da Aldeota¹.
Para eu mesmo dar a cota
de ajuda à minha pessoa,
meu pensamento é "lagoa,
afogando banzo² e mágoas";
dei ao corpo límpidas águas
que só vêm de fonte boa.

¹ o nome "aldeota" refere-se aos índios que saíram das margens no Rio Ceará (Clicar Aqui) para a região da fonte do Riacho Pajeú (Clicar Aqui).
² banzo é um sentimento de nostalgia... Clicar Aqui.

      7) Comemorações do Dia
Doze de Outubro é o Dia
da Santa Aparecida¹;
da América conhecida:
Américo a descobria².
Pavarotti já nascia
nesse mesmo dia meu.
Dom Pedro* também nasceu
no dia em que eu fui nascer.
Só falta agora dizer — 
depois de tanta lembrança:
hoje é o Dia da Criança,
mais difícil de esquecer.

¹ Nossa Senhora de Aparecida, Padroeira do Brasil.
² Américo Vespúcio descobriu a América em 1492.
³ Luciano Pavarotti, tenor italiano.
* Dom Pedro I.
Para saber mais Fatos Históricos dessa data, Clicar Aqui.

      8) Paz com autocontrole
Eu tolero a sociedade
com a sua intransigência,
que os anjos de paciência
trazem paz à Humanidade.
Aprendi a faculdade
de manter a compostura.
Concluí a formatura
que me ensinou a viver
com a calma de sofrer
para depois desfrutar.
Quero agora me formar
"na arte de não morrer”*.

* Relação com estrofe 13) Jardim perenal.

      9) Uma bem-aventurança
Se eu quiser inaugurar
as obras que realizei,
tenho a bênção que ganhei
para me abrilhantar.
Passei a vida a juntar
tesouro para o Presente;
vou ser mais Futuramente
feliz com fé e esperança.
Depois de ser "a criança
que a luz do Céu deu ao Mundo",
recebi reino fecundo
com essa bem-aventurança.

      10) Divinos Pais
Aos meus pais, eu agradeço
por terem-me dado a vida
com a criação garantida — 
graças à qual me enalteço.
O amor deles* não tem preço
porque deram tudo aos filhos,
tirando espinho e empecilhos
dos caminhos e dos planos.
Não importa quantos anos
eu tiver de existência:
faço aos meus pais reverência
como deuses soberanos!

* Nesse caso, o certo é "O seu amor"; a forma "O amor deles" foi usada para dar mais clareza ao verso.

      11) Uns oito amigos diletos
Aos meus diletos amigos,
tenho apreço e gratidão.
Três não sabem que já são
“matérias dos meus artigos”¹.
Outros dois são como trigos
que valem por um celeiro;
têm mais valor que dinheiro:
são joias, pérolas humanas.
Três são plataformas planas,
podendo me suportar.
São oito que eu posso achar
nas lides cotidianas.

¹ na verdade, são poemas onde acrescento alusão à figura de um amigo, revelando ou não, o seu nome
² A incidência da consoante p nos dois versos acima foi uma aliteração inevitável e não tem propósito estilístico.

      12) "Oito e oitenta"
Mais ou menos oito são
os amigos que me prezam.
Com o tempo, eles se revezam;
ou vem substituição:
privo com a estimação
do novo que se congrega.
Algum já foi meu colega
e outro tem laços maiores;
um deles têm os decores¹.
Vão mudando em marcha lenta...
"Representando uns oitenta,
são esses oito os melhores²."

¹ decore  Declaração Comprobatória de Rendimentos (emitida por um profissional de contabilidade).
² Por coincidência, vão se mantendo "dez por cento"; é um número simbólico para dizer que tenho raros amigos diletos ou que sou muito seletivo na amizade.

II Outras estrofes

      13) Jardim perenal
Nasci da "árvore do Amor",
de um sêmen que floresceu.
Virei semente sem cor
que a "mão da Vida" colheu.
E sinto o cheiro da flor — 
o mais puro e ativo olor*
de um jardim que não morreu.

* olor: cheiro suave e agradável; fragrância, odor.

      14) Ter ou não ter, mas ter
O bem ou o mal que tenho
ou digo que seja meu¹
é do Mundo de onde venho
ou do Gênio que me deu².*
Mas, quando eu os empenho,
com talento ou sem engenho,
o responsável sou eu³.

¹ter,  ²não ter, ³ mas ter. 
*Outros títulos: determinismo e livre-arbítrio 
OU: "eu" universal, personificado, responsável. 

15) Nem mal, nem bem, mas feliz
       Parodiando Machado de Assis
Eu não vou bem nem vou mal,
como diria Machado
de Assis, bem-humorado
ou crítico sempre atual.
Por essa base dual
que faz parte do Universo,
sou feliz e tergiverso —
"não passo por mal maior";
“dos males, quero o menor”:
coerente e controverso.

      Semente e planta

      16) Semente vegetal
Quero a vida natural,
marcha lenta e gradual,
sem passar por hospital,
dizendo que estou doente;
resistir à dor e tédio,
sem tomar nenhum remédio,
sem a queixa do Intermédio
e viver como a semente.

17) Pé de cedro em contraponto
Viver não é bem assim:
fácil como estou pensando.
Vou ter de ficar passando
por bom médico e pelo ruim¹.
Quando se largar de mim
a folha verde e cadente,
entro na fila doente;
e em vez de cair, eu medro²;
fico de pé como o cedro
para ser nova semente.

¹A pronúncia certa é ru-im (com duas sílabas morfológicas), mas, no verso acima, fica "ruim" (uma sílaba métrica).
²medro do verbo medrar: crescer, florescer.

ÍNDICE RECAPITULATIVO
I Estrofes bárbaras com 12 versos
  1) Nascido à luz do Sol
  2) Partículas do meu ser
  3) Doze de Outubro
  4) Umas duas vaidades
  5) Uns três devaneios
  6) Límpidas águas
  7) Comemorações do Dia
  8) Paz com autocontrole
  9) Uma bem-aventurança
  10) Divinos Pais
  11) Uns oito amigos diletos
  12) "Oito e oitenta"
II Outras estrofes
   13) Jardim perenal
   14) Ter ou não ter, mas ter
   15) Nem mal, nem bem, mas feliz
   Semente e planta
   16) Semente vegetal
   17) Pé de cedro em contraponto