Eu me conheço
(epígrafe) "Conhece a ti mesmo". Sócrates.
1.1 Esquecimento e recomposição
"Talvez tenha sido para eu sofrer menos/
que já esqueci muita passagem da vida";/
enfadonho fardo e amargos venenos/
e o “não” que levei de mulher pretendida./
Tentei relembrar, mas foi ação perdida.../
Então como era que eu escreveria/
um memorial ou autobiografia?/
Escrevo poema, paródia e crônica/
de história pequena, passagem lacônica/
do mundo real e do fantasioso/
que evocam e reportam um passado ditoso/
e um presente cheio de realização;/
dos filhos criados ou em formação,/
a terem um futuro de prosperidade,/
ilustrando a minha adaptabilidade/
em múltiplas formas de composição.
Qual é a importância de um escritor?/
1.2 Missão de escritor: influenciar para o bem
Qual é a importância de um escritor?/
Não é bem ser formador de opinião.../
Mas chega a ser um influenciador/
de alguém fazer plano ou tomar decisão./
Por isso, eu reflito com preocupação —,/
fazendo meu texto e mais, ao publicá-lo,/
ainda que alguém queira vir condená-lo/
com inveja, despeito, ciúme ou desdém./
Só escrevo se for para fazer o bem/
ou me defender de ataque ou ofensa./
Não mexo com os outros nem com a sua crença,/
respeito na essência qualquer cidadão./
Cumprindo essa nobre e honrosa missão,/
só faço o que posso ou que deve ser feito —/
conforme o sagrado e humano direito/
conforme o sagrado e humano direito/
por lei, por decreto e por constituição.
1.3 Sonho de estar perto dos poetas
Não sou
um poeta nem chego aos seus pés,/
no
entanto procuro seguir o seu rastro./
Na imaginação, já voei de través/
com aqueles
de quem eu empunho algum mastro./
Paródia
e paráfrase são o meu lastro/
por onde
eu caminho, imitando os famosos:/
singelos
poemas, porém caprichosos/
de forma que, se eles também os lessem,/
talvez
se orgulhassem... e reconhecessem/
a sua
presença em alguma passagem —/
onde eu retratasse com fé e coragem/
onde eu retratasse com fé e coragem/
valores
e ideias do seu cabedal./
Sonhei
que eu também ia ser imortal/
ao lado
de quem decantou sonho e glória/
de si e
dos outros, guardando a memória/
no mundo, em vitória, do Bem contra o Mal.
1.4 Dialética
existencial de felicidade
Não sei
quantos anos terei pela frente,/
mas sei
que sou feliz depois dos sessenta:/
seis
décadas de vida que me afugenta,/
sorrindo e severo, dialeticamente./
Não tenho
poupança, só conta-corrente,/
mas dou
à família destino seguro./
Se
tenho por dentro o meu "coração duro",/
"os olhos
são moles", chorando por fora./
Às
vezes, eu cuido em fazer já, agora,/
trabalho
que pode ser feito amanhã./
Ao dia
que morre, dou sempre um afã/
de noite feliz e de continuidade./
"Um par de sapatos da tranquilidade",/
eu calço e retiro na luta diária./
É essa
uma rotina sexagenária/
do contraditório com felicidade.
Estrofes
Sonho de ser poeta em evidência
Sonho de ser poeta em evidência
Quero ser um poeta que se expõe
na vitrine, no livro, na Internete.
Talvez mexa com alguém ou o afete
no assunto em que ele se sobrepõe.
Entretanto meu verso não se impõe
sobre a fama de outro bacharel.
Cada mestre tem diploma e anel,
a cadeira e o papel em que labuta.
Não se trata de rixa nem disputa:
é bom gosto que tem um menestrel.
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