Diálogo
—
Pronto, viandante: agora é só você atravessar a pista e esperar o ônibus, na sombra, que
ainda pode passar um conhecido e lhe dá carona.
—
Um conhecido ou amigo é capaz de fingir que não está me vendo e passar por cima
de mim. Por isso, eu vou ter cuidado.
Poema à guisa de crônica
O viajante e os dois amigos que
passaram:
Amigo Lata e amigo Latão (nomes fictícios)
Palavras do viajante
1°) Cretinice em fuga
Um
é filho, o outro é irmão
da
Cretinice perversa —
com
total desatenção
no
silêncio e na conversa;
que
foge ou que tergiversa
quando
sai em disparada,
deixando
um amigo na estrada
sem
ao menos entender
como
pôde acontecer
a
fuga desembestada.
2°) Parada e “vista grossa”
Quando,
na pista, pararam
ao
lado, no acostamento,
de
frente, não me avistaram:
de pé, visível e atento
a
um transporte no momento.
Seguiram
rumo e destinos
quais
dois parceiros cretinos
que
receberam bons tratos
e
agora causam impactos
de
dois ferozes caninos.
3°) Chofer Latão
"Latão" desviou a vista
para
ver se vinha carro
e entrou correndo na pista,
queimando
pneu no barro.
Mas
não verá o escarro,
o
escárnio que é merecido
ao
mal agradecido.
Sou um amigo de nobreza,
julgo o mau gesto ou fraqueza
a ser pesado e medido.
4°) Passageiro Lata
"Lata" só gritou o meu nome...
Fiquei
à beira da pista,
e
a sua voz também some
com
o veículo e o motorista.
Perdemo-nos,
pois, de vista,
mas
não perdi a esperança;
e
outro automóvel avança,
para
e oferece passagem;
então segui a viagem
com
gente de confiança.
5°) Contrapeso
Eles dois já foram fortes
e
incapazes de deixar
um
peregrino a penar
na
estrada e sem transportes;
já
livraram alguém das mortes,
que
brigou e levou murros.
Dei "Adeus", não dou esturros;
e,
tendo aborrecimento
“por
causa de um coice ao vento,